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Não estamos em condições de abrir mão de Neymar – e de abandonar o mundo mágico em que, até a Copa do Mundo, ele conseguirá voltar a ser um grande jogador

Foto: Divulgação/SantosFC

O possível retorno de Neymar ao Santos alimenta uma utopia: o mundo mágico em que o craque retorna para casa, encontra aconchego, se recupera fisicamente, volta a jogar com regularidade, ganha competitividade e chega tinindo à Copa do Mundo de 2026, mudando o patamar de uma Seleção em quem hoje ninguém aposta. Tomara. Mas teremos tanta sorte?

Para que possa acontecer algo remotamente próximo a esse cenário, Neymar precisa, antes de tudo, voltar a ser um jogador de futebol. Nos dois últimos anos, foram apenas 13 jogos. A gravíssima lesão sofrida em outubro de 2023, contra o Uruguai, explica essa escassez. Mas é preciso reconhecer que a trajetória do atleta já se mostrava claudicante antes disso.

O Neymar do PSG, embora com números expressivos, já não foi o mesmo do Barcelona, e a decisão de ir para o Al-Hilal eclipsou possíveis ambições compatíveis com o enorme talento do jogador – que tinha futebol para ser o melhor do mundo ou para ganhar uma Copa. Ao escolher uma liga de faz de conta, fabricada com dinheiro, Neymar pareceu colocar em segundo plano aquilo que, para muitos de nós, deveria ser prioridade.

Aos 32 anos, Neymar ensaia um movimento que craques do seu tamanho costumam fazer perto da aposentadoria. Mesmo que seja por apenas seis meses, mesmo que o plano seja retornar à Europa ou talvez ir para a MLS, a volta ao Brasil não deixa de ser ilustrativa sobre o rumo que tomou a carreira do atleta.

Se eu fosse torcedor do Santos, estaria eufórico. Mesmo não sendo, fico animado com a perspectiva de ver Neymar jogando por aqui. Ele não precisará de muito para se sobressair. Não jogará aquilo que apresentou em seu deslumbrante começo de carreira – mas poderá jogar mais do que todos os outros que por aqui atuam. É muito acima.

Não confio na utopia, não acredito que viveremos aquele mundo mágico. De forma pragmática, porém, o retorno ao Santos pode fazer bem a Neymar – e, consequentemente, à Seleção. Dorival Júnior já avisou que chamará o jogador assim que ele estiver recuperado. Acho que estará certo ao fazê-lo. Não estamos em condições de abrir mão de Neymar. Ele é uma utopia da qual precisamos.

Da mesma forma, o retorno à Seleção poderá resultar em um retorno à Copa do Mundo – possivelmente para um ato final, algo de que o próprio Neymar se mostra consciente. O craque tem uma história acidentada no torneio, sempre cercado por lesões – sofridas durante o torneio, como em 2014 e 2022, ou antes da disputa, como em 2018. É uma pena: por seu talento, merecia mais do que isso.

 

Fonte:ge

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