Mercado reduz projeção de alta da Selic e já cogita manutenção nos próximos meses

Cenário de desaceleração econômica, queda do dólar e sinalizações do Banco Central levam analistas a preverem ajuste mais moderado na política monetária.

(Imagem: REUTERS/Alyssa Pointer)

O mercado financeiro começa a rever suas apostas para a próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para maio. A expectativa de um aumento mais robusto da taxa Selic, que girava entre 0,5 e 0,75 ponto percentual, perde força diante de novos indicadores e sinais emitidos pela equipe do Banco Central.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, cresceu 0,4% no último mês, ante os 0,9% registrados anteriormente. Para Newton Davi, diretor de Política Monetária, o número indica que a política restritiva adotada pelo BC começa a fazer efeito.

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Outro fator relevante é a valorização do real frente ao dólar, reflexo da perda de força da moeda americana diante da guerra tarifária deflagrada por Donald Trump. A mudança no câmbio alivia pressões inflacionárias e contribui para o novo cálculo do mercado.

Diogo Guillen, diretor do BC, ressaltou que as incertezas internacionais, somadas à revisão para baixo do crescimento global projetado pelo FMI, também reforçam a necessidade de cautela.

Gabriel Galípolo, presidente da autarquia, tem adotado tom vigilante. Segundo ele, os juros já operam em campo restritivo e há sinais de que a inflação pode ter atingido um platô. O Boletim Focus reforça essa leitura, ao mostrar uma leve queda na projeção de inflação para o fim do ano, passando de 5,65% para 5,57%.

A resposta do mercado foi imediata. A bolsa de valores registrou alta, os juros futuros caíram e os títulos públicos indexados à inflação com vencimentos mais curtos, como as NTN-Bs, recuaram cerca de 0,5 ponto percentual.

Nesse contexto, ganha força a tese de que o Copom pode optar por um ajuste mais leve de 0,25 ponto percentual na reunião de maio. Alguns analistas já projetam a manutenção da Selic em junho, caso o cenário global continue pressionado pelas tensões comerciais e a atividade doméstica siga em desaceleração.

A política monetária brasileira caminha agora em ritmo mais cauteloso, refletindo uma leitura mais ampla do cenário interno e externo. O recado do mercado é claro: é hora de pisar no freio com precisão, não com força.

Fonte:Rádio Rota FM

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