Investigação aponta envolvimento direto de caseiro e policial militar, além de um casal mandante;crime foi motivado por disputa de terras e executado com premeditação e recompensa
A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu,na sexta-feira (9), a primeira fase do inquérito que apura o assassinato do advogado Renato Nery, morto em julho do ano passado, em Cuiabá. A apuração conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) identificou o envolvimento direto de um policial militar e de um caseiro de uma chácara localizada em Várzea Grande. Ambos foram indiciados por homicídio qualificado, com agravantes de promessa de recompensa e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima.
O caso ganhou novos contornos com a identificação de um casal, residente em Primavera do Leste, apontado como mandante do crime. De acordo com a DHPP, a motivação foi uma disputa de terras. Os dois tiveram prisão temporária decretada pela Justiça. A mulher manifestou interesse em colaborar com a investigação, enquanto o homem permanece em silêncio.
As investigações demonstraram que o policial militar agiu como intermediário, fornecendo a arma do crime ao caseiro, que efetuou os disparos de motocicleta, em frente ao escritório da vítima. O assassinato foi minuciosamente planejado. No dia anterior ao crime, o executor já havia feito uma simulação da ação, passando pelo mesmo local e horário. Câmeras de segurança registraram todo o trajeto da motocicleta até a chácara, em Várzea Grande, consolidando a linha investigativa.
Na sequência do crime, a DHPP intensificou as diligências e identificou a movimentação dos suspeitos em relação à ocultação da arma usada no homicídio. Essa movimentação culminou em um suposto confronto com a Polícia Militar, sete dias após o crime, quando a arma do assassinato foi “encontrada”. No entanto, laudos periciais revelaram que o armamento foi plantado na cena, e que as pessoas abordadas na ocasião estavam desarmadas.
Esse episódio gerou um segundo inquérito. Nele, quatro policiais militares foram indiciados por tentativa de encobrir o crime original. Apesar da gravidade da conduta, não há, até o momento, indícios da participação direta desses militares na execução do advogado.
Com a entrega dos autos ao Ministério Público e ao Judiciário, os dois executores seguem presos preventivamente. Um inquérito complementar foi instaurado para apurar o pagamento feito aos envolvidos e a origem da arma utilizada no crime, além de identificar possíveis intermediários.
Renato Nery, de 72 anos, foi baleado em frente ao seu escritório, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, e morreu após passar por cirurgia em hospital da capital. Desde o início, a DHPP realizou diligências contínuas e aprofundadas para desvendar a complexa rede por trás da execução. A apuração continua.
Fonte:PJCMT/Redação