Dólar recua com alívio nas tensões entre EUA e China e dados de emprego acima do esperado

Moeda norte-americana acumula queda na semana e perde força globalmente diante de maior apetite por risco dos investidores

O dólar iniciou esta sexta-feira, 2 de maio, em queda frente ao real e caminha para encerrar a semana no campo negativo. A valorização da moeda brasileira acompanha o movimento global de enfraquecimento do dólar, impulsionado por sinais de distensão nas relações comerciais entre Estados Unidos e China e por dados robustos do mercado de trabalho norte-americano.

Às 9h57, o dólar à vista recuava 0,59%, sendo negociado a R$ 5,6430. No acumulado da semana, a divisa já cedia 0,83%. Na B3, os contratos futuros com vencimento mais próximo caíam 0,31%, cotados a R$ 5,686.

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A melhora no humor dos investidores veio após o Ministério do Comércio da China confirmar que está avaliando uma proposta de Washington para retomar o diálogo tarifário. Embora tenha feito críticas à abordagem dos EUA, Pequim sinalizou abertura para negociações — gesto que contribuiu para o alívio das tensões geopolíticas e reduziu a aversão ao risco.

O reposicionamento dos mercados ocorre em meio a uma série de trocas tarifárias agressivas nos últimos meses. Só em abril, os EUA anunciaram uma tarifa de 145% sobre produtos chineses, respondida por uma taxa de 125% imposta por Pequim às importações norte-americanas. O anúncio do chamado “Dia da Libertação” pelo ex-presidente Donald Trump havia intensificado o impasse.

Apesar das incertezas, analistas avaliam que o tom mais conciliador adotado por ambas as potências contribui para a retomada do otimismo. “Negociações são bem-vindas para os ativos de risco. O mercado agora reavalia se a preocupação com a guerra comercial não foi exagerada”, afirmou Eduardo Moutinho, analista do Ebury Bank.

No cenário doméstico, o real também se beneficiou da fraqueza do dólar frente a outras moedas emergentes, como o rand sul-africano e o peso chileno. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda dos EUA ante uma cesta de seis divisas fortes, recuava 0,31%, a 99,832.

Outro fator relevante para o movimento cambial foi a divulgação dos dados de emprego nos EUA. Foram criadas 177 mil vagas em abril, número inferior ao mês anterior (185 mil), mas muito acima da projeção de 130 mil, conforme levantamento da Reuters. O dado reforçou a resiliência da economia americana e reduziu levemente as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve.

A nova leitura levou investidores a ajustarem suas apostas sobre o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA. Agora, o mercado precifica 87 pontos-base em cortes até o fim do ano, frente aos 90 pontos projetados anteriormente.

A melhora no mercado de trabalho ainda elevou os rendimentos dos Treasuries. O papel de dez anos, referência global, subia quatro pontos-base, a 4,273%. Ainda assim, o fluxo se manteve favorável a moedas emergentes diante das incertezas que pairam sobre a recuperação econômica dos EUA, agravadas pela recente contração de 0,3% do PIB no primeiro trimestre.

Fonte:ISTOÉ/Redação

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