Queda é atribuída a novas regras contábeis e alta da inadimplência no agronegócio; projeções para 2025 serão revistas
O Banco do Brasil (BB) registrou queda no lucro líquido ajustado no primeiro trimestre de 2025, totalizando R$ 7,3 bilhões — recuo de 20,7% em comparação ao mesmo período de 2024 e de 23% frente ao último trimestre do ano passado. O balanço foi divulgado na noite dessa semana.
A retração põe fim a uma sequência de 16 trimestres consecutivos de crescimento nos lucros em relação ao mesmo período do ano anterior. A instituição atribui o resultado negativo à entrada em vigor de novas normas contábeis e ao aumento da inadimplência no setor agropecuário, um dos principais nichos de atuação do banco.
Segundo o BB, as mudanças contábeis, previstas por resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovada em 2021 e implementadas apenas neste ano, impactaram diretamente os resultados. A nova metodologia obriga o reconhecimento de provisões com base em perdas esperadas, afetando o cálculo de receitas e despesas.
Pelas novas regras, o reconhecimento de receitas em operações com mais de 90 dias de atraso — classificadas como “estágio 3” — passa a ocorrer somente quando o pagamento é efetivado. Isso fez com que o banco deixasse de contabilizar cerca de R$ 1 bilhão em receitas de crédito no período.
O índice de inadimplência subiu para 3,86% no trimestre, contra 3,32% no final de 2024 e 2,90% em março do ano passado. No agronegócio, a inadimplência chegou a 3,04%, reflexo direto da alta da Selic e das quebras de safra ocorridas em 2023 e 2024.
Diante do cenário, o Banco do Brasil informou que revisará suas projeções para 2025, inicialmente previstas com lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões, margem financeira bruta entre R$ 111 bilhões e R$ 115 bilhões, e custo do crédito entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões. Os novos parâmetros ainda serão anunciados.
Apesar da queda no lucro, a carteira de crédito da instituição cresceu. Em março, somava R$ 1,278 trilhão, com alta de 1,1% no trimestre e de 14,4% em 12 meses. Os destaques ficaram por conta da concessão de crédito consignado para trabalhadores da iniciativa privada, do aumento de crédito para micro e pequenas empresas, além do avanço no financiamento ao agronegócio.
A carteira de crédito sustentável também avançou, atingindo R$ 393,5 bilhões, crescimento de 1,8% no trimestre e de 9,6% em um ano, com foco em projetos com impacto social e ambiental positivo.
As receitas com prestação de serviços caíram 9% em relação ao trimestre anterior, mas cresceram 0,2% em 12 meses. Já as despesas administrativas recuaram levemente no trimestre (0,1%), mas apresentaram alta de 7% na comparação anual.
Fonte:agência Brasil/Redação